Em momentos de confusão emocional vem um conjunto de elementos mentais negativos, evidenciando meus defeitos conscientes: apego, frieza, vitimização, malícia, desconfiança, chatice, impotência, ignorância, insegurança... É um mundo de "eus" completamente distante do qual sempre almejei alcançar na vida. Não no sentido literal e minimalista destas palavras, mas no sentido complexo e intenso das minhas emoções internas. Meu esqueleto mental é oco. Decidir é difícil. É um momento de nova aprendizagem, pois a minha confusão emocional recai sobre os extremos e sobre a falta de equilíbrio. Equilíbrio desejado, mas não alcançado por mim, talvez em nenhum momento real da minha vida. A solidão é libertadora. É no momento de sentir-se só, no meu mundo tão carente e idealizado, que posso encarar esses extremos, decidir por fim enfrentá-los com coragem. Conseguirei? Não sei, pois a rouquidão é a minha maior fuga. A responsabilidade existe, não posso julgar o que é isso de fato nem por mim e nem pelo outro mortal. Percebo então meu ridículo mecanismo de defesa, que me torna uma partícula sem nexo próximo ao aterro. Liberta-me, liberta-se! Longe de mim ser poética, sou uma estúpida romântica que carrega o medo da efemeridade. Sou uma vítima amoral que vomita monstruosidade. Sou uma pessoa falsa e impura. Engulo dolorosamente o gosto do veneno dos meus defeitos, me entrego a forca que me leva a qualquer lugar do desconhecido, um lugar obscuro, o espaço do medo. Este lugar nunca antes habitado. A banalidade me leva ao positivismo. Tento enxergar luz artificial num espaço sem vida, é a única saída. E é a única saída longe da vida, não posso fugir agora, muito menos assumir minha estupidez romântica. Posso assim aprender a me desfazer dos meus apegos. Viver no apego me torna um monstro mesquinho, um verme em putrefação. A decomposição do meu esqueleto mental torna-se rápida. Sou oca por dentro. Nem por dentro mereço ser completa, preciso do vazio. Não sei lidar com minha falsa maturidade. Não tenho uma incrível tolerância. Nem sequer uma ignorante bitolação. Sou indecente moral na atividade e também na passividade. Exagero. Sempre. É a sobra do sentimento de desconforto. Desequilíbrio. Não me revelo a ninguém. Monstro. Verme. Nem a mim mesma posso me revelar. Torno-me indecente em minhas ações. Fraqueza. Pureza. Tristeza. Frieza. Não imaginar ser cruel é muito pior que o ser. Não respeitar momentos individuais. Burrice. Não compreender escolhas afins. Egoísmo. Não tolerar a existência. Negativa. Sei que nos meus nãos passo por cima de tudo. Frieza. E me julgo forte assim. Morte. E me respeito assim. Cegueira. Não consigo enxergar defeitos. Nem os meus, nem os seus, nem os de ninguém. Não enxergo os seres humanos naturais, pois sou artificial. Minha fórmula é para um verme. Epiderme. Mancha. Embelezo os objetos com meus olhos cegos e mesquinhos, assim me sinto segura. Por ser tão artificial. Ilusão. Destruo todos meus desejos com minha própria insegurança. Assassina. E ainda assim minha estupidez enxerga algum lado bom. Amor. Sinceridade. Ignorância da eternidade. Leveza. Tenho uma alma ridícula e envergonhada. Culpo-me. Desculpo-me. Facilidade. Tento entender e espalho o desentendimento. Tento amar e cultivo o ódio. Tento viver e conduzo a morte. Libertação. Julgo-me imperiosa. Indestrutível. E sou mortal. Contradição. Reconheço esforços, não os aceito. Aplausos. Sacrifício. Amo e desamo no mesmo segundo, basta atiçar meu corpo. Superficial. Sou vítima. Agradeço ao próximo a sua paciência e perseverança. Fraternal. E desconsidero meus excessos. Todos os extras que motivam sentimentos de peso. Obrigação. Crueldade. Não posso nem sequer tentar aprender a aceitar a importância da não universalização. Sou globalizada. Cretina. Acredito na magia do individual. Pensamento coletivo. Desequilíbrio. Precipitação. Aceito a dor. Não aceito a morte. Em nome do outro. Esqueço meu esqueleto oco. Sento em cima. Quebro. Mais um débito. Fracasso. Tento não bagunçar. Enterro. Sufoco a dor. Sangue. O esqueleto oco era para ser leve. Simples. Era. Não é. Vaidade. Longe da sabedoria. Longe da verdade. Longe da perfeição. O efêmero é o perfeito. Passa. Esquecimento. Engano. O domínio é latente. Cachorro morto. Posso andar pra frente. Nunca olhar pra trás. Coragem.