16 julho 2007

Meu jardim...

Tenho poucas palavras para dizer que o pior acontecimento me fez ser o melhor. Hoje sou o meu melhor. Melhor em palavras. Melhor em gestos. Melhor em canção. A leitura de um samba é fascinante. É um desprendimento material. Dedilhados envolventes. Minha casa tem um jardim. Depois de longa data finalmente consegui plantar na terra úmida. Flores. Frutos. Sonhos. Um jardim. Autêntico. Minha verdade interior escondida quer desabrochar. Como uma flor em primavera. Revelação. Dentro dos pacotinhos têm sementes. Sementes verdes. Que secam a terra. Bebem a seiva. A terra pertence ao sonho. Posso deixar recados no meu jardim. Bilhetinhos. Poemas. Dedicatórias. Tudo. Meu sonho. Meu jardim. É uma forma de acreditar que este luto não é permanente. Um paisagista não pode fazer o meu jardim. O paisagista teria que habitar os meus sonhos. Impossível. No mistério do fim enxergo a terra. Piso firme. Gota úmida. Aterro os medos que me assombram. Me enfraquecem. Desperto meus sonhos. Floresço meu jardim. Que nasçam as flores. Que venham as borboletas. E o bater das suas asas. Balançando as folhas. Sutilmente. Como o meu amor.