12 outubro 2007

Papel Manteiga

Sabe, quero te falar uma coisa. Eu não sei se você me ouve, se você sabe quem eu sou. Eu te vi uma única vez. Aqui na minha mente. No meu esqueleto mental, posso desenhá-la em minha mente. Com a junção dos meus neurônios, sinapse por sinapse, penso que este despertar racionalmente me enfraquece. É por isso que tudo isso me confunde. Esta aparição breve. Intensa. Forte. O seu rosto delineado em um filete vermelho. Sabe, acho que nada é por acaso. Nenhum encontro. Imagino que você pertence ao fogo. E tenho uma estrela em mim que pode abrigar este fogo. Deixa eu te contar um pouco mais sobre mim. Se me permite, tenho uma lapiseira e acredito em desenho. Quando a vi, pude desenhá-la em um papel manteiga, com meu grafite simples. Sensível. Discreto. Neste espaço onde a cor não aparece, apenas seu rosto. Não há nada, nada que possa aproximá-la de mim. Apenas a realidade. Esta história pode nem sequer existir, apenas habitar a minha mente. Já me bastaria poder sentir que a minha mente não é real. Meu esqueleto mental está em crescimento e é um prazer poder sentir esta sensatez espalhada em meu íntimo. Não há nada que posso comparar ao seu olhar. Não há nada que posso dizer sobre você. Apenas sobre mim. E sobre o papel manteiga.