06 agosto 2007
Vai e vem
Estava aqui viajando num desses sites pornôs, só para passar o tempo. E me deparei com uma página informativa onde me obrigava a clicar "aceito" para entrar. Ao clicar "aceito" evidenciaria a minha maioridade. Que coisa sinistra. Ao clicar "aceito" passaria a acessar produtos sexuais. Como não gosto. Aqueles comuns e incomuns das mais cabeludas ramificações sexuais. Explico. Jamais. Sexo é sexo. Nem sempre amor. O milimétrico fechar dos olhos. Aquele precioso vai e vem. O decente suor. O insuportável calor. O indescritível beijo. A severa penetração. O navegar em águas. Ondas bravas. Águas que movem moinhos. Interessante ato. A água é uma memória.
E então cliquei o X para fechar a página. Acabou a curiosidade sobre o produto. Entrei na essência. Tenho a pureza em existir. Como uma água forte de cachoeira. Frio na barriga. Não é água de beber. Pode até ser. É mais água de banhar. Vou rezar. Esta água prateada da noite. Pedreira. Água. Desliza. Ambientaliza o quadril. Potencializa a dor. Sangra. Limpa. Toca a boca da mata selvagem. Tem a chave de um mistério. Aquele vai e vem. Da água no mar. Dos quadris. Do tempo. Do gozo. Que descongestiona. Pulveriza. E abre. E molha. E seca. E repele. E atrai. O caminho. Forma naturalmente aquela onda que vai e vem. Vai em vem. Foi-se a viagem do prazer. Que não seja consumo. Posso banhar. Beber. Engolir. Penetrar. Conhecer a superfície. Aquela sua curva que tem saliência. O vibrar. O pulsar da água. Deve ocorrer isso no oceano. Naquela imensidão não tem produto. Nem contrato. O silêncio da água é barulhento. Gemidos. E o clímax atinge o ponto da correnteza do oceano. E puxa. E empurra. E vira. E sobe. E desce. E vai. E vem. E sobe. E desce. Carne do espírito. Que dança. E balança. E canta. Tudo sobre o linguajar das águas.