(1917, Retrato Feminino Nu - Modigliani)
A poesia nasce e morre.Ao rasgar o pontilhado.
Meu objeto registra uma tonalidade de luz solar.
O natural me engrandece. Modifica meu ser.
Ora eu. Ora você. Ora ninguém. Ora o ser.
Hoje não tenho contornos nítidos, nem discursos mirabolantes.
Sou uma linha em abstração.
Tenho uma sombra luminosa. Meu contraste é a sombra com cor.
Minha impressão visual de passado x presente. Colorido. Grafismo.
Que o presente traz uma sombra colorida. Minha cor é pura.
Minha loucura é virgem. Minha tonalidade está na paleta desta pintora.
Você, artista que me impressiona com o puro ser dissociado em pequenas pinceladas.
Reconhece meus fragmentos. Um a um.
Você, artista que me mantém leal aos seus princípios e me expõe a este novo movimento crítico.
Onde o público não me alcança, mas admira a arte, a pintura e a técnica.
Sua mistura com efeitos que alcança meu feminismo e manifesta meu erotismo em sensualidade.
Prefiro o nudismo a naturezas mortas. Objetos e retratos são mortos.
E o admirar não pode ser enquadrado. Desenha-me em seus olhos.
Nus. Livres. Puros. Pois somente assim posso aspirar-te em meu íntimo.
O movimento do meu corpo é livre. Não posso pontilhá-lo.
Nem sequer flagrá-lo em instantes. Simplesmente existe.
Meu corpo nu pode ser pintado com a luz do sol.
Em cenas e atos sem pincel. Luz das suas mãos. Densas.
Esta luz não é alegre nem brilhante. Apenas existe. Intimamente.
Humanamente. Neste meu ser cheio de rimas. Ritmos. Poesia.
Combinada ao seu estilo. Não falo aqui de mim. Falo de ti. Pintora.
Desse imerso combinado. Sem linhas geométricas. Sem formas definidas.
Com o único material acrílico do amor. Tinta mutante. Faceta grande.
De momento. De intervalo. De período. De gargalo. De estado. De permanência.
De espírito. Mortalidade completa. Poesia sua. Existência poética.
Dimensão do insuportável. Tempo de distância.
Que alimenta o essencial. Estampado orgânico.
Tempo contínuo.