Escutei um dia uma música que fala do limite do amor. Estar entre o adeus e a contrapartida. Estar a um fio do adeus. Poxa vida. A corda bamba. As pontas do laço se desgrudaram. Naturalmente. É a insistência do coração. "Se o amor é o corte e a cicatriz". É isso. Descobri. Vivi. Revivi. Criei. Recriei. E agora? As repetições continuam. Será que chegarei a algum lugar diferente? Às vezes, tenho que confessar, fico esperando, esperando, esperando a próxima vez. Igual. Por que? Será que viciei no mecanismo de desencaixe? Preciso buscar esta resposta. Às vezes, confesso mais esta franqueza, imagino quem será o próximo da sua fila. Mecanismo de desencaixar-encaixar-desencaixar-encaixar. E assim vai...
Este ensaio mental é apenas momentâneo. Não tem permanência. É um filete de pensamento. Destes repentinos. Extasiantes. Mortais. Pensamentos mortais. Isso é interessante. Me imaginar mortal é assustador. Assim como meus pensamentos. Assim como tudo que na vida é efêmero. Daí prefiro não definir, pois acredito que definir é limitar e o limitar é a morte. Mesmo que não agora, mas um dia será.
Já conversei sobre isso outras vezes, outras épocas, talvez em outras palavras. Mas com o mesmo significado de sentir. O amor verdadeiro só tem espaço para meu pensamento imortal. E aí mora o conflito. Pois, onde cabe o imortal? Onde cabe você em mim? Imortal. Plena. Verdadeira. É um paradoxo. Como posso aceitar naturalmente o imortal como mortal, já que a existência é assim? Prevendo absurdos. Vivendo fantasmas. Fatos e possibilidades que estimulam meu medo. O mesmo medo lá do passado que enfrentei fugindo...me escondendo...de mim mesma.